A queda mais forte dos juros pelo Banco Central coincide com uma forte desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou 2016 em 6,29% -- o menor patamar em três anos. O resultado decorre de uma sequência de quedas da inflação oficial, que em dezembro avançou 0,30%, resultado mais baixo para meses de dezembro desde 2008.
A expectativa do BC é de que o custo de vida continue a desacelerar nos próximos meses. Ao fim de 2017, o IPCA pode recuar para 4%, percentual que, se confirmado, fará com que o Brasil, pela primeira vez desde 2009, termine o ano com a inflação abaixo do centro da meta, de 4,5%.
No comunicado emitido após confirmar a redução da Selic em 0,75 ponto percentual, o Comitê de Política Monetária (Copom) mencionou o cenário para a inflação “mais favorável que o esperado”. A esse aspecto, os diretores do Banco Central mencionam a forte desaceleração dos preços, situação em que o comportamento dos preços muda rapidamente de uma forte alta para uma leve elevação. Isso ocorreu, por exemplo, na passagem de 2015 para 2016, quando o IPCA saiu de 10,67% para 6,29% -- uma diferença de 4,38 pontos percentuais em apenas 12 meses – praticamente toda a meta de inflação estipulada para o ano, em 4,5%.
“Há evidências de que o processo de desinflação mais difundida tenha atingido também componentes mais sensíveis à política monetária e ao ciclo econômico”, reforça a nota, mencionando que essa diferença grande de preços, a maior já registrada em uma década, já começou a surtir efeito na própria economia, com reflexos também para a política de juros.
Investimentos
A desaceleração da inflação combinada à redução dos juros deverá fazer com que o cenário para investimentos produtivos se torne mais atraente, conforme acredita o ministro interino do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira. Ao Portal Planalto, ele mencionou que esse cenário de forte desaceleração do IPCA permitirá ao País buscar um cenário de mais estabilidade nos próximos anos. “Isso, de fato, se reflete também nas decisões de investimento, porque permite uma programação dos agentes a respeito do futuro”, disse.
O ministro também reforçou que um percentual elevado de inflação, como o registrado em 2015, quando o IPCA avançou 10,67% “prejudica muito” a capacidade de planejamento dos investidores. “E, por outro lado, um nível mais baixo de inflação vai permitir, ao longo dos próximos meses, uma política monetária mais compatível”, analisou.