A empresa suíça Syngenta foi comprada pela ChemChina em 2017, em uma aquisição de 43 bilhões de dólares, e agora se mantém no centro do processo de consolidação do setor de sementes a nível global. Para fortalecer seu posicionamento na América Latina, também adquiriu a Nidera, o que fortalece a opinião do Diretor de Marketing da Syngenta, Alexander Tokarz, que diz que há mais espaço para a inovação em empresas maiores.
Em sua entrevista à Exame, Tokarz citou que questões sobre propriedade intelectual acabam encarecendo o lançamento de novas tecnologias; entretanto, afirmou que as leis brasileiras avançam corretamente para chegar em um momento próspero para o setor.
Na última década, segundo Tokarz, os preços dos commodities caíram bastante, e o mercado de sementes declinou, pressionando a rentabilidade do setor. Assim, aumentou muito o custo de lançar mais varidades no mercado, fazendo com que uma base maior de clientes fosse necessária para justificar investimentos em pesquisas. Neste meio tempo, empresas químicas se interessaram em unir valor com as empresas de sementes, para o bem do setor.
Para justificar o encarecimento de novas variedades no mercado, o diretor de marketing da Syngenta explicou: “Os reguladores partiram de uma abordagem que reconhece a inovação, sempre com uma atenção à saúde humana, para uma abordagem de risco zero, praticamente impossível de alcançar. Temos de fazer mais testes, o que encarece o processo.”
Sobre o direito de propriedade intelectual em grãos, Alexander Tokarz citou que os produtores norte-americanos sempre pagam pela tecnologia, e que na Europa existe uma patente a ser respeitada, pagando-se um royalty menor em grãos salvos, devido ao trabalho de multiplicação do produtor. Já no caso do Brasil, segundo a visão dele, os grãos devem ter livre acesso, mas não devem ter acesso gratuito. A opinião do diretor de marketing é de que o modelo que o Brasil discute hoje é correto justamente porque sugere recolher royalties de grãos guardados.
Quando questionado em relação à discussão sobre alta de preços das sementes, Tokarz cita que o setor fixa o preço da semente em até um terço do valor criado para o produtor. “Acima disso, o produtor não compra. Muito abaixo, o investimento em tecnologia não se paga. O preço cresce, mas há um retorno maior da inovação para o produtor”, cita.
Fonte: exame.com