Cuidados na secagem e armazenagem de grãos de soja
A secagem é etapa fundamental na conservação de todos os grãos, e caracteriza-se como o processo de remoção de água dos grãos até os níveis que permitam o armazenamento por períodos mais ou menos longos. O teor de água adequado para o armazenamento depende da espécie e do período que se pretende armazenar os grãos, sendo que além da umidade, fatores como temperatura, umidade relativa do ar, pragas e doenças podem interferir na qualidade. No caso da soja, a maturação fisiológica ocorre nos grãos com níveis de umidade entre 45 e 50%, sendo a colheita mecânica realizada com teores entre 20 e 14%, e recomenda-se o armazenamento com teores inferiores a 11% para armazenamento de até 1 ano, e entre 9 e 10% para períodos de armazenamento superiores a 1 ano, sendo portanto a secagem indispensável no processo de armazenamento de grãos de soja.
Dentre os métodos de secagem disponíveis para grãos de soja, podemos adotar métodos naturais, adaptados ou tecnificados, conforme as diversas situações existentes, entretanto como a maior parte da soja produzida é em grande escala, os sistemas mais utilizados são os tecnificados, caracterizados nos sistemas de sistema contínuo e seca-aeração. O sistema de secagem contínua pode utilizar temperaturas do ar de 70 a 130°C, na entrada de secador, desde que os grãos não contenham muitas impurezas e/ou materiais estranhos, e que seja feita inspeção diária e remoção de poeiras, para evitar incêndio, além de acompanhamento da temperatura de massa dos grãos que não pode ser superior a 43ºC. Este sistema é muito utilizado na secagem de grãos de soja, devido aos mesmos não possuírem danos térmicos, assim, pode-se utilizar a secagem contínua, que ao final se obterá um produto de qualidade elevada.
O sistema misto, também chamado de seca-aeração, caracteriza-se pelos grãos passarem inicialmente por uma secagem preliminar convencional, quando perdem parte da água, em geral até cerca de dois a três pontos percentuais de umidade acima do que se deseja como adequada para o final da operação, e essa etapa é seguida por uma etapa de secagem estacionária, com ar sem aquecimento. Na secagem pelo sistema seca-aeração, podem ser empregadas temperaturas de 60 a 90C, sendo que neste sistema, geralmente é usado secador contínuo adaptado (o ar aquecido é insuflado em ambas as câmaras – a de secagem e a originalmente destinada ao arrefecimento quando do método contínuo) para a parte da secagem convencional e um silo-secador (fundo falso e chapas perfuradas), com ar sem aquecimento, para a parte estacionária do final da secagem. Este é um sistema que praticamente não causa danos mecânicos, nem danos ou choques térmicos, e que permite a obtenção de secagem mais rápida e mais uniforme.
A etapa de aeração é fundamental nesse processo, uma vez que os grãos são colocados ainda “quentes” no interior do silo, sendo que deve-se imediatamente ligar os exaustores no momento em que os grãos são depositados no silo, para que ocorra a redução da umidade destes, até os níveis desejados. Outro parâmetro que deve ser considerado é a redução do tempo de espera dos grãos para secagem, pois muitas vezes os grãos chegam até a unidade, e devido à um fluxo elevado de grãos acabem permanecendo nas moegas, onde na maioria dos casos ocorre o aquecimento destes grãos, o que a curto prazo não representa problemas, porém ao longo do período de armazenamento, estes grãos que tiveram um aquecimento antes da secagem, tendem a desenvolver uma maior quantidade de defeitos metabólicos, que reduzem a tipificação final do produto, podendo comprometer o valor de comercialização. Desta forma, recomenda-se que grãos permaneçam no interior de silos pulmões, que possuem sistema de resfriamento natural ou artificial, sendo o principal objetivo reduzir a temperatura desses, para valores próximos a 15ºC, visando a redução do metabolismo destes grãos, e também as alterações.
Fonte: Mais Soja