O Carnaval passou e o ano finalmente deve começar no Brasil, o que pode puxar também mais negócios com a soja, como acredita o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Para ele, novos fechamentos da safra nova, que vinham escassos nas últimas semanas, podem se intensificar nos próximos dias.
"Tenderemos a ver mais pressão de fechamento na safra nova brasileira via trocas por insumos. A safra velha pode dar mais movimentação se houver notícias novas e positivas da disputa entre os EUA e China, já que poderá trazer apelo de alta em Chicago", explica o executivo.
No entanto, caso o caminhar das relações entre chineses e americanos continuar acontecendo na corda bamba, "vamos de fechamentos internos para indústria, que deve voltar às compras e agora com atividade de esmagamento forte", completa Brandalizze. Entre as exportações, o ritmo também deverá continuar forte, segundo ele, e podendo, inclusive trazer prêmios melhores nestes próximos dias.
Desde o início de março, em Paranaguá, a posição de entrega março/19 tem 35 cents de dólar sobre os valores de Chicago, enquanto o junho já carrega 52 centavos para a soja brasileira. Assim, as últimas referências de preços nos terminais ainda trabalhavam no intervalo de R$ 79,00 a R$ 80,00 por saca, sentindo também as oscilações do dólar. Já para as entregas no meio do ano, os indicativos subiam para algo entre R$ 81,00 e R$ 82,00.
Em fevereiro, por mais um mês, as exportações brasileiras de soja bateram recorde e chegaram a 6.091,1 milhões de toneladas, segundo números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). O volume é bem maior do que o de fevereiro passado, quando o Brasil exportou 3.509,4 milhões de toneladas. Em todo o complexo soja, o acumulado das exportações do Brasil são de 10,56 milhões de toneladas.
Como explica o consultor, os compradores chineses, mesmo que em um ritmo mais comedido, seguem focados no produto brasileiro com a guerra comercial com os EUA ainda em curso, o que muda a cena do comércio global de soja neste ano. "Normalmente, os primeiros dois meses do ano são fracos para a soja em grão, mas neste ano o acelerador está puxado porque a China segue agressiva, comprando nos nossos portos".
Segundo o Cepea, do total exportado pelo Brasil em fevereiro, 82,4% - 5,02 milhões de toneladas - foi destinado à China. Ainda segundo a instituição, estes embarques acelerados da soja no Brasil ajudaram a puxar os preços no cenário nacional. "Além da entrega de contrato a termo, agora, as negociações no mercado spot também começaram a ganhar força, especialmente devido à valorização do dólar frente ao Real, que torna o produto nacional mais atrativo aos importadores", explicaram os pesquisadores da instituição.
No dia 08 de março, o portal Notícias Agrícolas divulgou uma imagem do sistema Refinitiv Eikon, da Reuters, mostrando uma considerável fila de navios carregados com soja - e outros produtos - seguindo do Brasil para a China. Estas são cargas de compras feitas há alguns meses, com os embarques previstos para este período do ano.
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