As energias renováveis vão se desenvolver mais rápido do que o previsto nos próximos cinco anos à condição de que tenham apoio financeiro público, assegura a Agência Internacional de Energia (AIE) em um relatório publicado nesta terça-feira.
Após anos de previsões prudentes, a AIE revisou em alta seus previsões para as energias 'verdes', como a eólica ou a solar, segundo seu informe anual, que aponta previsões de médio prazo.
A agência avalia em 825 gigawatts a capacidade das energias renováveis que serão instaladas no mundo até 2021, um aumento de 42% em relação a 2015, e 13% mais que em suas previsões anteriores.
Essas perspectivas "mais otimistas" são o resultado de um 2015 recorde no desenvolvimento da energia eólica terrestre (112 GW instalados) e das renováveis em geral (153 GW), indicou Paolo Frankl, diretor da divisão de renováveis na AIE em uma teleconferência.
Frankl cita, em particular, o apoio público às energias renováveis em países como China, Índia e México.
"Estamos vivendo uma transformação dos mercados mundiais de eletricidade, graças às renováveis", afirmou o diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, citado em um comunicado.
Segundo a agência com sede em Paris, as energias renováveis representarão em 2021 28% da produção mundial de eletricidade, em comparação aos 23% de 2015.
A AIE explica esse avanço pela queda dos custos das energias eólica e solar, que aceleraram nos últimos anos e que se tornaram cada vez mais competitivas.
Além disso, nos próximos cinco anos, os custos da energia solar deveriam baixar em 25% e os da energia eólica em 15%. Essas duas energias representarão 75% das novas capacidades instaladas no período.
Para as demais energias renováveis, a perspectiva é menos favorável, e a AIE prevê a construção de menos centrais hidrelétricas, em particular na China e no Brasil.
Também crescerão a um ritmo mais lento a biomassa, a energia solar por concentração, a geotermia e as energias marítimas.
A AIE alerta também para a queda da aerotermia e dos biocombustíveis, que terão um desenvolvimento "muito, muito lento", segundo Frankl, que atribuiu esse recuo ao impacto do baixo preço do petróleo.
A agência aumenta suas previsões principalmente em quatro países - Estados Unidos, China, Índia e México - pelas políticas favoráveis de seus governos às energias renováveis.
Nos Estados Unidos, as autoridades prorrogaram até 2021 as vantagens fiscais para o investimento em energias renováveis, enquanto a China definiu metas ambiciosas em seu novo plano econômico quinquenal.
"A Ásia toma definitivamente a liderança" no crescimento das energias verdes no mundo, explica Paolo Frankl, embora a região ainda seja dominada pelas energias fósseis.
"A concorrência na Ásia entre as renováveis e o gás e o carvão será o fator-chave que decidirá se se ganha ou se perde a batalha contra as mudanças climáticas", adverte.
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